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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Desventuras no Rock in Rio (3ª parte)

Após o espetáuculo a parte do show de Carlinhos Brown, foi a vez de Ira e Ultraje a Rigor se apresentarem. Confesso que as bandas não fizeram parte da minha geração, apesar de conhecer bastante o som de Roger Rocha e seu bando. A cena ilária do cantor mostrando a bunda no palco foi, com certeza, uma das marcas deixadas pelo festival daquele ano.

Tive a oportunidade de assistir à apresentação da banda Papa Roach, que iniciava sua carreira na época e não era tão conhecida. De acordo com a organização do evento, a participação do grupo foi uma indicação feita por Axl Rose, que prentedia proporcionar uma oportunidade aos novatos.

A próxima banda a se apresentar foi o Oasis. A essa altura do campeonato já estava meio destruído. O número de pessoas havia duplicado. Era difícil até de respirar lá na frente. O aperto era grande e quem quisesse ficar ali próximo ao palco, tinha que acompanhar a onda da multidão. Lembro que havia um nanico ao meu lado, e o cara mal conseguia ver o show. Mulheres desmaiavam e eram levadas a todo momento por cima da massa, bem como fazem com os artitas que se jogam em cima da multidão, no entanto, os amigos e familiares acompanhavam o transporte, abrindo espaço entre o público. As pessoas que ficavam próximo à cerca de contensão eram empurradas e caiam do outro lado, sendo jogados de qualquer jeito pelos seguranças de volta à multidão.

O Oasis deu uma esfriada na galera. Eu mesmo sai daquela confusão e fui lá para trás. Levou cerca de uma hora para chegar num lugar tranquilo. Mais cedo, tentei assistir o show dos Los Hermanos na tenda Brasil (algo assim) e nem consegui chegar na metade o caminho. Sentado lá, no campo com o capim já seco de tanto ser pisoteado, prestigiei o grupo, que realmente não convence muito ao vivo.

Após terminada a apresentação dos ingleses, me dirigi para o meio do espaço, onde se podia assistir o show um pouco mais tranquilo, sem muito aperto. Os telões contribuíram para que as miniaturas fossem vistas com mais detalhes. A atração principal, a Banda Guns N' Roses, estava atrasada e o público já não segurava sua ansiedade. Apesar de apenas o cantor Axl Rose ser o membro origianl do grupo, o guitarrista Buckethead chamou muito a atenção e deixava um ar de mistério, onde muitos imaginavam até ser a realização de uma surpresa, esperando que o guitarrista Slash surgisse por trás da mascara e daquele copo de pipoca sendo usado com chapeu.

O ápice do show foram as músicas Welcome to the Jungle, Don't Cry, November Rain, Sweet Child O' Me e Patience, além de outras clássicos como You Coulb Mine. Algumas músicas de Chinese Democracy, já eram apresentadas naquele ano. Em Welcome To The Jungle, a poeira subiu mesmo com todos pulando. Pessoas que mal se conheciam, abraçavam-se e pulavam cantando juntas o refrão contagioso da música. Eu mesmo não conhecia ninguém ali e parecia que fazia parte de uma grande família.

Houve uma tentativa, no meio do show, onde a banda tentou agradar o público brasileiro, abrindo espaço para um apresentação de uma escola de samba. Não houve muita excitação.

Continua...

terça-feira, 19 de julho de 2011

O antes e o depois da experiência acadêmica

Fim do último semestre de jornalismo e da última etapa do curso: a Monografia. Após esse período de trabalho constante, já é possível comparar o antes e o depois da experiência acadêmica. Horas e mais horas dedicadas aos estudos práticos e teóricos, com a finalidade de preparar profissionais bem qualificados para o mercado de trabalho. Durante esse longo trajeto, presenciamos e investigamos com mais afinco os fatos que assinalam os rastros da história humana neste planeta. Continuamos firmes durante a queda do diploma e não esmorecemos perante as incertezas do futuro da profissão no país. E como recompensa, ao contrário do que se pensava, o desejo por profissionais capacitados em academias não se esvaiu. Aprendemos desde a ética jornalística até o fechamento de uma edição de um jornal, seja em TV, rádio ou impresso. Por meio das diversas ciências, aprendemos a usá-las em benefício da informação para que os leitores obtenham o maior número de dados em um menor espaço e tempo disponíveis. Discutimos a problemática dos diversos segmentos sociais e científicos para expandir nossos conceitos e, assim, entender o mundo de uma forma mais abrangente, sempre em benefício da qualidade da informação e suas múltiplas faces. Em tempos onde a liberdade de expressão e de imprensa lutam para não serem engolidas pelo monopólio do poder, é necessário jornalistas formados sob as luzes das atividades empíricas e da busca contínua da evolução intelectual do ser humano. A renovação constante de conhecimentos e conceitos deve fazer parte da vida desses profissionais, assim como sua proximidade com as fontes de conhecimento. O antes e o depois dessa jornada acadêmica se resumem a grande quantidade de conhecimento e especialização adquirida na área jornalística, visando o domínio e cumprimento efetivo das funções desempenhadas por tão importante profissão. O desconhecido e obscuro foi conquistado, abrindo as cortinas de novos desafios e fronteiras. É uma eterna busca pelo autoconhecimento.

terça-feira, 5 de julho de 2011

O retorno do Rock Gol

Ontem (4), o campo society do Show de Bola foi o palco onde rockeiros deixaram de lado baquetas, teclados, contrabaixos, microfones e guitarras para demonstrarem um pouco mais de suas habilidades esportivas em um dos eventos mais divertidos e já consagrados do gênero em Boa Vista: o Rock Gol. O próprio nome descreve bem o contexto do evento, que mais parece uma nova versão de Rock n Roll Racing – lembra? – o Rock n Roll Futball.

No convite feito pelo organizador do evento, o baterista da banda Mr. Jungle, Jon Nelson, já se exaltava os risos e a excelente oportunidade para se tirar aquela velha barriga de cerveja, que assola boa parte dos músicos do estilo. No entanto, o baterista não contava com o fato de que, no mesmo lugar, vende-se cerveja e no fim do jogo já estavam vários ‘atletas’ matando a sede numa geladinha.


Às 22h, teve início a série de jogos que reuniram diversos representantes e amigos de bandas de rock da cidade. Logo no início, parecia que a galera não iria comparecer, porém, após a segunda partida, já havia cinco times disputando “olho por olho, dente por dente” a maior série de vitórias da noite. Alguns preferiram não arriscar suas canelas no combate e ficaram apenas na torcida – não sei se contra ou a favor – dando muitas risadas e cobrando mais efetividade nas jogadas. O tecladista Alexandre Dias da banda Supernova era um deles.


As partidas foram marcadas por muitas bolas isoladas e furos durante os chutes, o que gerava descontentamento e uma reação imediata dos torcedores presentes. Alguns goleiros, que faziam defesas espetaculares em certos momentos, decepcionavam em outros com frangos horripilantes em chutes desengonçados vindos do time adversário. Novamente, gritos e gargalhadas da torcida não incentivavam nenhum poucos os jogadores, que davam o máximo de si, mas não conseguiam muito êxito.


Os times estavam bem equilibrados, divididos entre pernas-de-pau e amadores. Alguns já mostravam algum jeito com a redondinha, enquanto para outros era mais quadradinha. Apesar da rivalidade, compunham os times integrantes variados, concretizando o ar de confraternização ao qual o evento se propõe a criar.



Ao todo, foram duas horas de partidas, sendo que aos 10 minutos muitos já demonstravam sinais de cansaço indo para a banheira ou para o gol. Durante esse período, onde a habilidade individual era necessária, os risos se tornaram mais intensos. Enquanto os artilheiros foram perdendo o rendimento, alguns gladiadores como João Nelore – vulgo - (Interceptor, Hábito Noturno e Motocycle), que não teve um início de partida espetacular, aos poucos foi se tornando uma espécie de zagueiro artilheiro, finalizando com quase cem por cento de aproveitamento (faltaram 80% para os 100%).


Assim, com muita irreverência e sem contundidos, aconteceu a primeira realização dessa nova fase do Rock Gol. A intenção é continuar com o evento todas as segundas no mesmo local e horário. Que os deuses do Rock protejam nossa integridade física das lambanças dos perebas, principalmente nossas mãos e cordas vocais.


Fonte da foto: http://www.asmilcamisas.com.br/2009/05/14/37-camisa-do-olimpo/

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Desventuras no Rock in Rio (2ª parte)

Após a Kombi ter fechado sua lotação (em menos de 1 minuto), seguimos de Realengo para a Barra da Tijuca. Chegando ao local, mais uma “jaca”: filas kilométricas. No entanto, não deixando que o desânimo tomasse conta, fui verificar como estava a entrada e se havia alguma restrição para câmeras fotográficas e outros objetos como haviam anunciado dias atrás. Chegando próximo ao portão de entrada, percebi que ali estava havendo uma confusão. Em um determinado momento, um grupo de pessoas derrubou uma das cercas de contenção e acesso. Nesse momento formou-se uma pequena fila e, sem saber o que ia acontecer, tratei de garantir uma vaga. Para a minha sorte, deu certo!

Entrando na Cidade do Rock, pude ter uma idéia de como são os grandes festivais do estilo espalhados pelo mundo. Por volta de 15h, havia pelo menos umas 60 mil pessoas aguardando o início das apresentações. Entre diversas barracas armadas, percorri um longo trecho até chegar ao palco principal (Mundo). Nesse caminho, lembrei de verificar se iria conseguir comprar o “lanche do Bobs” como o meu bom pai havia explicado. Para a minha surpresa – é isso mesmo, ainda fiquei surpreso -, o tal lanche custava mais de 20 reais. Logo percebi, que com os meus R$ 8 restantes não conseguiria comer. Porém, como ainda estava satisfeito, não me importei e segui em direção ao show.

A primeira banda a se apresentar foi o Pato Fu. Confesso que não era bem o que eu esperava para um grande concerto de Rock, mas houve um momento em que o grupo surpreendeu e, para alegria dos expectantes, mandou Enter Sadman do Metallica. Logo após, aconteceu um dos fatos mais marcantes do festival: Carlinhos Brown entrou no palco e não foi muito bem recebido pelo público ali presente.

Em minha opinião, a maior culpada por essa tragédia foi, sem dúvidas, a organização do evento. Todos sabem da importância de valorizarmos a cultura brasileira, bem como sua musicalidade. Também é sabido que o artista já esteve presente em alguns projetos do gênero Rock, como na música Ratamahatta da banda nacional de Trash Metal: Sepultura. No entanto, o estilo musical de Carlinhos (algo meio Axé com Soul/Black Music) não é um dos mais amados pelos rockeiros brasileiros. De certo, a escalação do músico para o dia foi completamente inapropriada, levando em conta que existiram dias do evento com características mais parecidas com o som de Brown.

Nos intervalos de cada apresentação, já acontecia A Guerra das Garrafinhas. Como o público era dividido ao meio por um espaço destinado a mesa de som, durante a mudança de bandas era o lado esquerdo contra o direito, formando uma verdadeira chuva de garrafinhas plásticas, do estilo “pitchula”. Porém, quando começavam as apresentações, a disputa cessava e só começava novamente após o termino do show. Eu mesmo levei algumas garrafadas na moleira e um sopapo de um rolo de papel higiênico – não usado, graças a Deus. Para Carlinhos Brown foi diferente.

No início, algumas vaias demonstravam que o público não estava interessado em seu trabalho. Depois de alguns gestos obscenos, pessoas ficando de costas para o palco e gritos de “ih fora, ih fora” as coisas ficaram quentes. Carlinhos não segurou a pressão e revidou à platéia mandando-a enfiar o dedo naquele lugar. O fato pode ser confirmado no site Whiplash.net (para quem quiser uma fonte oficial). Desse momento em diante, foi ladeira abaixo. Uma parte do público que até então estava neutra, juntou-se aos insatisfeitos e formou uma grande massa crítica que passou a vaiar incessantemente a apresentação do artista a fim de encurtar sua passagem no festival. Carlinhos tentou insistir, mas teve o som cortado e foi o fim daquele vexame.

Naquela altura do campeonato já me restavam apenas quatro reais, pois cada garrafinha de água, lá no meio, custava dois reais.


Continua...

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Desventuras no Rock in Rio (1ª parte)

Este é o registro da minha primeira experiência no festival musical Rock in Rio, que aconteceu a dez anos, em janeiro de 2001, na cidade do Rio de Janeiro. Às vésperas de mais uma participação no evento (25 de setembro de 2011 – Metallica), relembro ainda todos os instantes daquele dia que ficou marcado não só como um momento de êxtase desse jovem que vos transmite, mas também como mais um dia de provação e penitência que fui impelido a cumprir.


De forma nenhuma, estou aqui para apontar os culpados ou inocentes desta controversa história, visto que uma figura muito importante e amada foi quem me colocou naquele mato sem cachorro. Em minha concepção, qualquer experiência é válida nesse mundo de provações e aprendizados, pois estamos todos aqui para nos despirmos das carcaças da ignorância e da burrice. No entanto, meus amigos, jumento lerdo morre dançando no chicote.


Era manhã do dia 14 de janeiro de 2001, cidade do Rio de Janeiro. Estava na casa de minha avó, em Realengo, ouvindo num velho gravador a rádio Rock Clube Cidade, que estava cobrindo os bastidores do Rock in Rio. Lembro que os apresentadores estavam falando ao vivo da cidade do Rock (nome do local do evento) na Barra da Tijuca e especulava-se até que o Slash (ex Guns N’ Roses) iria aparecer na apresentação do “Guns” daquela noite. Nada mais do que especulação mesmo.


Os ingressos já haviam sido comprados por meu pai, que passou cerca de 3 horas na fila para consegui-los - vai ver foi esse o motivo da provação. Na época, ele pagou 35 reais por cada ingresso – o que leva a um grande contraste com o valor do ingresso atual que custa R$ 95 a meia e R$ 190 a inteira, mesmo com a mudança da capacidade público que diminuiu de 350 mil para apenas 100 mil pessoas por dia de show.


Fazia um calorão na cidade aquele dia. Próximo ao horário de almoço, já estava pronto e fiz uma refeição consideravelmente farta preparada por minha avó Maria. O evento iniciava às 16 horas, no entanto, teria que adiantar a minha ida pela condição a qual estava imposto. Na noite anterior, meu pai convicto do poder de compra de uma nota de 10 reais, glorificando toda a força do plano real, entregou a quantia para mim, explicando que se eu economizasse conseguiria comprar um sanduíche do Bobs e uma Coca-cola. Um detalhe importante a ser considerado é que, desses dez reais, eu teria que separar a quantia da passagem de ida e volta do ônibus – na época a passagem custava mais ou menos R$1,50.


Respirei fundo antes de sair de casa e, munido com os meus 10 reais, comecei uma caminhada de 3 km até uma igreja aonde os ônibus que iam ao Rock in Rio estavam passando. Chegando ao local, percebi o ponto vazio e me questionei se realmente era ali o ponto para o transporte. Mas, após alguns minutos visualizei o primeiro ônibus vindo pela avenida. Já empolgado e com um sorriso no rosto, acenei com a mão para a parada do ônibus, no entanto, o veículo passou feito um tornado entupido de gente, sem qualquer intenção de parar. Após o terceiro cano já estava desanimado. Foi nesse momento que surgiu uma Kombi com um sujeito gritando: “Rock in Rio”. Sem me importar com a qualidade do serviço, pulei para dentro do veículo seguido de várias pessoas que surgiram do nada. Em 30 segundos a Kombi já estava lotada. No final das contas, acabei gastando 50 centavos a mais e teria que economizar o máximo possível.

Continua...